quinta-feira, julho 31, 2003
A Teia
Há cerca de uma semana houve um pico de visitas ao Baguete cujas causas insondáveis sondei facilmente com ajuda de uma ferramenta informática que não vale a pena aqui nomear, não porque estivesse muito interessado, que estava, mas porque é fácil e é grátis. Deparei com o primeiro link para o Baguete em 7000 anos de História da Civilização, cortesia do senhor BR que eu não conheço mas escreve muito bem como os seus colegas de blog, assim acho, e como acho tenho-o na minha lista de links e foi por esse meio que ele deu com isto como eu dei com aquilo. (Na verdade não é o primeiro, é o segundo, mas as necessidades do estilo sobrepuseram-se à exactidão do conteúdo).
Agora de repente fiquei a saber que o meu amigo LDA também por lá anda e que ao contrário do que postula o título do seu blog, não deseja casar. Gostava de saber o que a Filipa tem a dizer sobre isso. Entretanto, parece que o LCA é amigo da Andrea e que até já tomámos uns copos juntos.
Apesar de tudo isto, vou ser teimoso e não os tiro da lista.
Agora de repente fiquei a saber que o meu amigo LDA também por lá anda e que ao contrário do que postula o título do seu blog, não deseja casar. Gostava de saber o que a Filipa tem a dizer sobre isso. Entretanto, parece que o LCA é amigo da Andrea e que até já tomámos uns copos juntos.
Apesar de tudo isto, vou ser teimoso e não os tiro da lista.
O poder da auto-motivação
Quando eu começava a entristecer perante a perspectiva de passar o Verão longe do mar, da areia, das imperiais com os seus tremoços, das peles bronzeadas a cheirar a coco, das noites que se encadeiam numa contínua e trôpega névoa etílica rasgada pontualmente por breves clarões de lucidez no contacto com a água fria e salgada que choca os sentidos em finais de tarde perfeitos, eis que a Favela anuncia que passará a fechar às quatro nas noites de sábado, em vez das habituais patéticas duas da manhã. Praia? Quero lá saber da praia!
quarta-feira, julho 30, 2003
Celebrity Sightings
A Raquel jantou com a Linda Evangelista no Kong, mas noutra mesa. Eu e a Maria Rita vimos o Moby no 3ème, mas não temos a certeza porque íamos a passar de carro. Perdi a oportunidade de lhe mandar um piada péssima sobre baleias.
Estou a ficar farto de gente famosa.
Estou a ficar farto de gente famosa.
Savoir-vivre de um primo do mosquito: na Austrália
O espírito democrático sopra na alma deste Blog, pelo que o Baguete dá voz aos leitores sempre que isso seja conveniente e/ou sempre que me apeteça. Na sequência do estudo aprofundado do carácter nacional do mosquito que tem sido aqui apresentado, a Dalila quis contribuir com uma pequena pérola demonstrativa da sabedoria da Mãe Natureza:
Quando se trata de qualidade de vida, os insectos machos zeus são imbatíveis. Estes minúsculos insectos d'água, comuns na costa oeste da Austrália, são o mais bem acabado exemplo de machismo: suas fémeas providenciam comida, transporte e sexo de forma ilimitada, sem impor condições. [...] O zeus macho tem metade do tamanho da fémea, que o carrega nas costas e o alimenta. "Ele fica montado na companheira por até uma semana, alimentando-se e acasalando" [Reuters] n'O Estado de S. Paulo
Junte-se cerveja grátis, uma playstation e uma assinatura da SporTV e aí está o sonho de vida de muito jovem por esse mundo fora.
Quando se trata de qualidade de vida, os insectos machos zeus são imbatíveis. Estes minúsculos insectos d'água, comuns na costa oeste da Austrália, são o mais bem acabado exemplo de machismo: suas fémeas providenciam comida, transporte e sexo de forma ilimitada, sem impor condições. [...] O zeus macho tem metade do tamanho da fémea, que o carrega nas costas e o alimenta. "Ele fica montado na companheira por até uma semana, alimentando-se e acasalando" [Reuters] n'O Estado de S. Paulo
Junte-se cerveja grátis, uma playstation e uma assinatura da SporTV e aí está o sonho de vida de muito jovem por esse mundo fora.
terça-feira, julho 29, 2003
Quero ter um Lincoln dos antigos / P'ra fazer inveja aos meus amigos
Mas enquanto não tenho, uso outros meios: ontem houve septeto do Wynton e não foi numa sala de concertos de 5000 lugares, foi num clube, como deve ser.
(na verdade tenho muito poucos amigos a quem esteja a fazer inveja neste momento, o que é compensado pelo facto de, entre esses poucos, o nível de inveja per capita ser extremamente elevado)
(na verdade tenho muito poucos amigos a quem esteja a fazer inveja neste momento, o que é compensado pelo facto de, entre esses poucos, o nível de inveja per capita ser extremamente elevado)
Em relação ao último post e sem me querer alongar muito no tema, uma leitora enviou uma posta de pescada lembrando cordialmente uma observação que eu havia feito no Museu Picasso de Paris: em todas as obras de Picasso expostas no museu, só estão providos de pilinha animais e crianças, todos os homens adultos são assexuados. Para este facto curioso não ofereço qualquer explicação, tendo a certeza de haver por aí gente suficiente a fazer doutoramentos sobre isso.
Note-se que no mesmo comentário a leitora assinalou: meninas [...] este homem é muito macho!!!! Um lugar comum, mas sempre agradável de ver escrito.
Note-se que no mesmo comentário a leitora assinalou: meninas [...] este homem é muito macho!!!! Um lugar comum, mas sempre agradável de ver escrito.
segunda-feira, julho 28, 2003
A pilinha de Adão
Todos os dias quando ligo o computador sou brindado com um novo fundo de ecrã. Hoje dei de caras com o tecto da Capela Sistina.
Vamos examinar mais de perto esta obra-prima da arte universal:
Ridículo, não é? Quase deprimente. Daquele modesto caule é suposto ter brotado toda a Humanidade. Motivo mais que suficiente para levar o Darwin a inventar uma teoria atribuindo a nossa ascendência a viris gorilóides. Mas não é disso que quero falar.
A explicação da recorrente hipotrofia da representação da genitália masculina na Arte entre a Renascença e o princípio do séc. XX não tem nada a ver com pudor nem com simbolismo. O Artista tinha de comer e para comer tinha de ser pago e para ser pago o cliente que tinha de ficar satisfeito. Ora o cliente tinha a sua vidinha, a sua mulher, as suas amantes, a última coisa que ele queria era uma estátua mais dotada do que ele no meio da sala de estar, lembrando-as cada vez que limpavam o pó de que havia um mundo lá fora cheio de novas possibilidades. Em suma, pilinhas pequenas na arte fazem bem ao ego do mecenas.
Se alguém quiser saber o tamanho da baguete do Luís XIV, basta fazer a média das estátuas dos jardins de Versalhes, compensando as proporções, e acrescentar 10 centímetros.
Vamos examinar mais de perto esta obra-prima da arte universal:
Ridículo, não é? Quase deprimente. Daquele modesto caule é suposto ter brotado toda a Humanidade. Motivo mais que suficiente para levar o Darwin a inventar uma teoria atribuindo a nossa ascendência a viris gorilóides. Mas não é disso que quero falar.
A explicação da recorrente hipotrofia da representação da genitália masculina na Arte entre a Renascença e o princípio do séc. XX não tem nada a ver com pudor nem com simbolismo. O Artista tinha de comer e para comer tinha de ser pago e para ser pago o cliente que tinha de ficar satisfeito. Ora o cliente tinha a sua vidinha, a sua mulher, as suas amantes, a última coisa que ele queria era uma estátua mais dotada do que ele no meio da sala de estar, lembrando-as cada vez que limpavam o pó de que havia um mundo lá fora cheio de novas possibilidades. Em suma, pilinhas pequenas na arte fazem bem ao ego do mecenas.
Se alguém quiser saber o tamanho da baguete do Luís XIV, basta fazer a média das estátuas dos jardins de Versalhes, compensando as proporções, e acrescentar 10 centímetros.
Momento Zen
Tenho uma Amiga Zen que mora numa miniatura de chinatown encravada entre o Marais (bairro que pertenceu aos Templários até ao churrasco do Jacques de Molay) e o Conservatoire des Arts et Métiers, mesmo por cima de um bar com uma bandeira colorida onde vão muitos homens de cavas; rouba bicicletas para as libertar no seu habitat natural, comprou um clarinete apesar de não saber tocar e é, de resto, uma óptima pessoa. Este sábado decidiu matar saudades da índia através do estômago:
Eu - E onde fica o tal restaurante?
Amiga Zen - Na Passage Brady.
Eu - ...
AZ - Não consigo explicar muito bem. Sabes aquela espécie de arco do triunfo que há entre a minha casa e a Gare de l'Est?
Eu - Há dois.
AZ - Eu bem me parecia. Então é por isso que vou sempre lá dar de maneira diferente.
Eu - E onde fica o tal restaurante?
Amiga Zen - Na Passage Brady.
Eu - ...
AZ - Não consigo explicar muito bem. Sabes aquela espécie de arco do triunfo que há entre a minha casa e a Gare de l'Est?
Eu - Há dois.
AZ - Eu bem me parecia. Então é por isso que vou sempre lá dar de maneira diferente.
quinta-feira, julho 24, 2003
Você descobre que é um mau gestor doméstico quando...
...acorda de manhã e só há um terço de pacote de leite e 8 morangos, além de uma espécie de salsicha fumada francesa hiper-gordurosa que está no corredor da morte (vulgo mini-bar) já vai para a 3a semana e que nem a mais calejada tripa anglo-saxónica conseguiria digerir àquela hora; e tem de chegar para duas pessoas.
...tem de passar à pressa uma camisa já usada mas que não cheira muito mal e tem os botões quase todos, senão não tem roupa para ir trabalhar.
...está a ver o telejornal e repara que a sua última visita escreveu "LAVA-ME PORCO!" na camada de pó que cobre o ecrã; fica agradecido porque pelo menos através das letras dá para ver alguma coisa.
...uma outra visita arranca da parede, acidentalmente, o varão do cortinado e em vez de arranjar aquilo você desenvolve o gosto de adormecer a olhar para o que se passa nos quartos do hotel em frente e de acordar com os dedos róseos da aurora acariciando-lhe a face, como manda a Natureza.
...alguém abre a porta da rua e a deslocação de ar faz com que uma gigantesca bola de cotão atravesse o corredor a rebolar, como numa cidade fantasma do faroeste.
...tem de passar à pressa uma camisa já usada mas que não cheira muito mal e tem os botões quase todos, senão não tem roupa para ir trabalhar.
...está a ver o telejornal e repara que a sua última visita escreveu "LAVA-ME PORCO!" na camada de pó que cobre o ecrã; fica agradecido porque pelo menos através das letras dá para ver alguma coisa.
...uma outra visita arranca da parede, acidentalmente, o varão do cortinado e em vez de arranjar aquilo você desenvolve o gosto de adormecer a olhar para o que se passa nos quartos do hotel em frente e de acordar com os dedos róseos da aurora acariciando-lhe a face, como manda a Natureza.
...alguém abre a porta da rua e a deslocação de ar faz com que uma gigantesca bola de cotão atravesse o corredor a rebolar, como numa cidade fantasma do faroeste.
quarta-feira, julho 23, 2003
Alvorada do Quinto Império
Venho só avisar os distraídos que o D. Sebastião está prestes a ressurgir das brumas. Adivinhem qual é a segunda língua mais usada nos blogs de todo o mundo, logo a seguir ao condenado Inglês! E não venham dizer que é por causa do Brasil, que esse também faz parte do Império.
(o 17° lugar do Latim, com mais de 600 blogs num universo de 660 mil, faz-me suspeitar da metodologia usada no censo, mas não nos embrenhemos em picuinhices tão mesquinhas)
(o 17° lugar do Latim, com mais de 600 blogs num universo de 660 mil, faz-me suspeitar da metodologia usada no censo, mas não nos embrenhemos em picuinhices tão mesquinhas)
Qu'est-ce que tu fais ce soir?
Estas francesas são de uma pertinácia notável. Esqueço-me um dia do telemóvel e já estão a recorrer a sinais de fumo para garantir um slot na minha agenda. Calma meninas, há para todas.
segunda-feira, julho 21, 2003
Tácticas Predatórias do Mosquito: Adenda Helvética
O mosquito suíço não pica. Ou então discrimina: só pica suíços e estrangeiros com permis.
Celebrity Sightings
Sexta-feira vi a Fernanda Tavares no metro. Saiu na minha estação. Constatei que aquilo não é só maquilhagem e produção, a mulher é um estrondo mesmo assim ao natural.
O Raí voltou a ser avistado na Favela mas eu não estava presente porque fui para Genebra: beach-party à beira do lago (coitados, são suíços, deixem-nos viver na ilusão e chamar aquilo de praia); os pequenos-almoços lendários da sónia e da gué (desta vez sem laranjas vermelhas); o despertar com os sinos (e o tentar não despertar com os sinos e os sinos ao almoço e os sinos ao jantar e tentar arranjar um lugar onde não se ouvisse a porra dos sinos; a verdade é que os sinos eu até dispensava).
O Raí voltou a ser avistado na Favela mas eu não estava presente porque fui para Genebra: beach-party à beira do lago (coitados, são suíços, deixem-nos viver na ilusão e chamar aquilo de praia); os pequenos-almoços lendários da sónia e da gué (desta vez sem laranjas vermelhas); o despertar com os sinos (e o tentar não despertar com os sinos e os sinos ao almoço e os sinos ao jantar e tentar arranjar um lugar onde não se ouvisse a porra dos sinos; a verdade é que os sinos eu até dispensava).
A Reforma das Retretes
Os europeus estão cada vez mais velhos. Os sistemas de pensões estão atolados em dívidas. Os governos enfrentam a terrível escolha entre impopularidade e questionamento dos princípios de solidariedade social por um lado e insustentabilidade económica por outro. As opções parecem claras: ir aumentando impostos (indefinidamente); incentivar o recurso a fundos de pensões privados; prolongar a vida activa dos trabalhadores (indefinidamente); aumentar o fluxo de entrada de imigrantes (estamos a falar de abrir completamente a torneira, 5 a 10 vezes o fluxo actual segundo a OCDE).
Diz o Economist desta semana que daqui a 50 anos o número de pensionistas por cada 100 trabalhadores activos na Europa passará dos actuais 35 para 75; ora isto quer dizer que cada casal trabalhador vai ter um velhote e meio para sustentar. Se se tratar do avô e metade da sogra, ainda acredito que eles paguem, mas quando o velhote e meio é estatístico, anónimo e aleatório, serão tão generosos?
Eu cá não me fio. Não é esta reforma das retraites do Raffarin que vai resolver o problema em França e também não é a imigração que vai resolver o problema da Alemanha (de acordo com o Deutsche Bank, mesmo considerando um fluxo de 250 000 imigrantes/ano, muito maior que o actual, a população alemã ver-se-á reduzida de 80 milhões a 50 milhões de habitantes até 2100).
Só há uma safa: ouro debaixo do colchão e uma prole numerosa e grata. Toca a produzir e a produzir bem!
Esta solução tem possivelmente o efeito secundário de a nível macro-económico colher o mal logo pela raíz. O problema dos europeus é que não têm incentivos para a produção e têm até muitos para a evitar. Isto vale tanto para a agricultura como para a reprodução da espécie. A contracepção, o trabalho feminino, o carreirismo, a vontade de viajar e aproveitar a vida fazem o papel dos subsídios da PAC para abater vacas leiteiras. Os governos só têm de ser honestos e dizer: "meus amigos, esqueçam lá as pensões que isto quando chegarem a velhos já rebentou; amanhem-se como puderem". Vai ser vê-los a procriar como coelhos na esperança de que os rebentos retribuam. Está resolvido o problema da implosão populacional.
Diz o Economist desta semana que daqui a 50 anos o número de pensionistas por cada 100 trabalhadores activos na Europa passará dos actuais 35 para 75; ora isto quer dizer que cada casal trabalhador vai ter um velhote e meio para sustentar. Se se tratar do avô e metade da sogra, ainda acredito que eles paguem, mas quando o velhote e meio é estatístico, anónimo e aleatório, serão tão generosos?
Eu cá não me fio. Não é esta reforma das retraites do Raffarin que vai resolver o problema em França e também não é a imigração que vai resolver o problema da Alemanha (de acordo com o Deutsche Bank, mesmo considerando um fluxo de 250 000 imigrantes/ano, muito maior que o actual, a população alemã ver-se-á reduzida de 80 milhões a 50 milhões de habitantes até 2100).
Só há uma safa: ouro debaixo do colchão e uma prole numerosa e grata. Toca a produzir e a produzir bem!
Esta solução tem possivelmente o efeito secundário de a nível macro-económico colher o mal logo pela raíz. O problema dos europeus é que não têm incentivos para a produção e têm até muitos para a evitar. Isto vale tanto para a agricultura como para a reprodução da espécie. A contracepção, o trabalho feminino, o carreirismo, a vontade de viajar e aproveitar a vida fazem o papel dos subsídios da PAC para abater vacas leiteiras. Os governos só têm de ser honestos e dizer: "meus amigos, esqueçam lá as pensões que isto quando chegarem a velhos já rebentou; amanhem-se como puderem". Vai ser vê-los a procriar como coelhos na esperança de que os rebentos retribuam. Está resolvido o problema da implosão populacional.
sexta-feira, julho 18, 2003
Acabo de verificar com algum desânimo que o sistema de comentários por vezes promete mais postas de pescada do que as que realmente se podem encontrar na embalagem. Admito que é publicidade enganosa mas declaro a minha total inocência. Espero que os tipos da DECO não me topem.
quinta-feira, julho 17, 2003
Tácticas Predatórias do Mosquito: Estudo Comparativo
Fui atacado impiedosamente! Os mosquitos parisienses, que pareciam tão pacatos, tão amistosos, tão polidos, tão "madame, monsieur, bonjour, excusez-moi", revelaram-se uns ninjas silenciosos à espera do melhor momento para a emboscada. Estes moustiques são estrategas de primeira água, vê-se bem que beberam do sangue de Napoleão. Empregam uma mistura do blitzkrieg com o cavalo de Tróia. Vão entrando em casa das suas vítimas com meses de antecedência, ganhando a sua confiança, partilhando os seus momentos mais íntimos sem qualquer esboço de agressão. Quando as defesas relaxam e as vítimas já se habituaram a dormir de janelas escancaradas no calor do Verão... zás!! saem de todos os cantos da casa onde estiveram a aguardar com um estoicismo admirável e investem sem misericórdia, saciando a sede de meses numa única orgia sanguinolenta!
Que saudades tenho eu do mosquito tuga, tão honesto, tão conformado. Só faz aquilo que está estipulado no contrato e a mais não é obrigado. Pega no emprego ao pôr do sol e instala-se nas paredes; bem à vista para o patrão perceber que já chegou. Para evitar ataques, basta ter as janelas fechadas a essa hora e fazer uma ronda com o chinelo para esborrachar na parede os poucos que lá andam. Na verdade aí é que reside a fraqueza do mosquito tuga: o velho gosto ibérico pela ostentação, que os portugueses tão bem conservam numa altura em que os traidores espanhóis o começam a pôr de lado. No fundo, o mosquito tuga está-se nas tintas para a colecta de sangue. Aquilo com que o mosquito tuga realmente sonha é deixar uma bela mancha na parede, que os vizinhos possam admirar. Isto explica um facto que intrigou os cientistas durante anos: nas raras ocasiões em que o mosquito tuga consegue uma barrigada de sangue, em vez de dar o pira imediatamente, fica firme no seu posto à espera do despertar da vítima sedenta de vingança. Há lá coisa mais vistosa que acabar numa gloriosa gosma de vermelho e negro carimbada na parede!
A estratégia dos mosquitos de São Paulo é muito original e particularmente eficaz no turista europeu: enquanto o turista está impressionado com os grandes, os pequenos tratam do serviço. Acabadinho de chegar de Lisboa o incauto fica impressionado com a proliferação de melgas - "pernilongos" no dialecto local - e precipitadamente aliviado quando verifica que o pernilongo não é par para a temível melga tuga: fraco, pica pouco e quando pica não comicha. Aquilo de que o incauto não se apercebeu é de que o perigo não aparece aqui na forma habitual. Quando olha para baixo repara que uma nuvem daquelas mosquinhas da fruta minúsculas que havia desprezado - "mosquitos" no dialecto local - está neste momento obstinadamente atracada aos seus dois tornozelos. Não sente nada, mas estranha que mesmo passando a mão os bichos não descolem, graças a umas mandíbulas enganadoramente poderosas. Daí a dez minutos a vítima é capaz de trocar a avó por uma embalagem de Fenistil. Uma embalagem não, um balde.
O mosquito milanês é talvez o mais temível. Os campos de arroz próximos da cidade são um viveiro de ochlerotatus caspius, uns sacaninhas sugadores de sangue que têm a característica de atacar O DIA TODO em vez de esperar pela fresca da noite como os mosquitos de boas famílias. Diga-se antes "umas sacaninhas sugadoras de sangue" porque, tal como no caso do homo sapiens, as fémeas é que sugam o sangue todo, com a desculpa esfarrapada de serem elas a pôr os ovos. Por onde quer que se veja a questão, o mosquito de Milão é um cabrãozinho sem escrúpulos. Não tem respeito por ninguém, despreza as convenções sociais; só lhe interessa sugar o máximo, o mais depressa possível. O mosquito de Milão vota Berlusconi.
Nota: isto não é nenhuma parábola, eu sou um gajo pouco parabólico, é mesmo de mosquitos que estou a falar; para quem esteja interessado em mergulhar no fascinante mundo da Culicidiologia, esperam-no aqui horas e horas de diversão.
terça-feira, julho 15, 2003
A Factura Detalhada
O Monsieur Antunès, emigrêsh marido de concièrge, assina com uma empresa de telecomunicações que lhe garante chamadas mais baratas para a terra. Como nunca lê as letras pequenas (nem as grandes) do contrato, não sabe que daí a dois meses (em França é tudo de dois em dois meses) vai receber uma factura detalhada em casa. Como bom português, o Monsieur Antunès anda enrolado com a moça da pastelaria. Como mau português, o Monsieur Antunès é desleixado e usa o telefone de casa para telefonar à maîtresse. A Madame Antunès, sendo porteira, passa muito tempo em casa, é a primeira a abrir o correio, lê-o todo de uma ponta a outra quando se entedia com o "C'est mon choix" (aqui não há novela, hélas, o universo telelixo de uma dona de casa francesa está circunscrito aos reality shows, concursos histéricos e esta versão soft do Jerry Springer). Mais cedo ou mais tarde, o Monsieur Antunès chega a casa e não tem o jantar feito porque a Madame Antunès descobriu através dos seus eficazes meios de espionagem que as 76 chamadas para um número que ela não conhecia não eram erro de facturação.
Qual é a reacção do Monsieur Antunès?
a) diz que estava em negociações com a pasteleira para fazer o catering de uma festa-surpresa em comemoração dos 27 anos de casados?
b) ajoelha-se e perde perdão por entre um dilúvio de lágrimas?
c) põe as culpas no Guterres?
d) manda a Madame dar uma volta e casa-se com a pasteleira, perfilhando o filho do carteiro, do leiteiro e do homem do lixo?
e) vai aos escritórios da empresa de telecomunicações armar um escarcel porque lhe deram cabo da vida?
E a resposta certa é... soem as trombetas rufem os tambores... alínea e)!!!
I was there, I saw it. O Monsieur Antunès, que tem um lindo Francês com sotaque de Chaves mas que na vida real responde por um outro nome, acaba de aprender uma grande lição: não desprezarás o poder da Factura Detalhada.
Qual é a reacção do Monsieur Antunès?
a) diz que estava em negociações com a pasteleira para fazer o catering de uma festa-surpresa em comemoração dos 27 anos de casados?
b) ajoelha-se e perde perdão por entre um dilúvio de lágrimas?
c) põe as culpas no Guterres?
d) manda a Madame dar uma volta e casa-se com a pasteleira, perfilhando o filho do carteiro, do leiteiro e do homem do lixo?
e) vai aos escritórios da empresa de telecomunicações armar um escarcel porque lhe deram cabo da vida?
E a resposta certa é... soem as trombetas rufem os tambores... alínea e)!!!
I was there, I saw it. O Monsieur Antunès, que tem um lindo Francês com sotaque de Chaves mas que na vida real responde por um outro nome, acaba de aprender uma grande lição: não desprezarás o poder da Factura Detalhada.
domingo, julho 13, 2003
Fazendo de Attenborough em Paris
Ontem tive o dia todo para mim. Resolvi pegar no meu arbusto virtual e vaguear sozinho pela cidade a estudar a vida selvagem. A experiência veio a revelar-se de profundo interesse antropológico. Tudo começou no super do meu bairro, onde pude observar de perto dois espécimes de
Tugas Descolorados. Um dos fenómenos mais evidentes nas grandes metrópoles mundiais é a maneira como as camadas jovens da comunidade nipónica são obcecadas pela imagem; talvez por serem todos parecidos uns com os outros aos olhos ocidentais, fazem tudo o possível para se diferenciarem. É essa a origem do estereótipo do Ponga Descolorado (termo que eu prefiro ao mais tradicional Japa Descolorado usado pela minha flete-meite). Sendo paris um habitat privilegiado de nidificação para muitas espécies, o recurso a meios artificiais de atrair a fémea é levado aqui ao extremo e 90% dos jovens machos pintam o cabelo de loiro, aquirindo o estatuto de Ponga Descolorado.
Mais estranho é o fenómeno do Tuga Descolorado. Já todos conhecemos a perversidade do património genético português que leva a que a partir dos 40 os cabelos das senhoras em vez de começarem a ficar brancos comecem a ficar loiros. Em paris mantém-se a tendência mas generaliza-se a ambos os sexos, o que através dos meus olhos polarizados pelo preconceito provoca um efeito no mínimo bizarro. Ver o Tuga cinquentão - baixote, barrigudo, com as medalhas de fátima a espreitar por entre os pêlos do peito e ar de quem bate na mulher - com o cabelo de um loiro dolorosamente falso é coisa que me deprime profundamente. É que este senhor não quer saber nada de moda, como o comprova a modéstia da indumentária; o que ele quer é parecer mais nórdico, cavar um fosso que o separe do imigrante magrebino, que ele despreza como o desprezam a ele certos franceses. É triste a maneira patética como falha nesta tentativa, mas mais triste é saber o que a motiva.
Depois de reabastecer o mini-bar que me serve de frigorífico, fui ao Louvre ver uma exposição temporária de desenhos e manuscritos do
Leonardo da Vinci. Choca contactar assim com a intimidade de um génio. Produziu constantemente: "Antes a morte que a lassidão", aparece rabiscado num dos milhares de folhas entre um estudo sobre a difracção da luz e outro descrevendo a reacção de um pássaro em vôo a uma turbulência inesperada. Anatomia, fisionomia, mecânica, dinâmica de fluídos, arquitectura, a luz, a cor, a botânica, a atmosfera, sempre escrevendo da direita para a esquerda, por que lhe dava mais jeito e porque um génio não precisa de se agarrar às convenções dos outros. Cada esquema técnico é único e preciso, não se vislumbra um processo de tentativa e erro. Ele está a falar da turbulência das águas e de repente vira-se a página e aparecem 4 ou 5 máquinas de arremesso de projécteis; do género "oh leonardo, vou ali tomar uma bica, entretanto faz-me aí uma geringonça pra eu pôr o duque de Mântua na ordem que o gajo já anda a levantar muito a gripa". Cada elemento da sua pintura é ancorado numa pesquisa obsessiva, mas quando estamos perante ela isso tudo desaparece e fica a comoção, o encanto, a Arte.
Depois da exposição fui directo para a sala de consulta informática dos cadernos, onde partilhei o espaço com meia dúzia de estudantes, como já esperava, mas também uns três ou quatro pais com as criancinhas em transe e uma velhota que devia ter quase noventa anos a escrever folhas atrás de folhas numa letra minúscula de quem se habituou a poupar papel durante a guerra.
Ao ver uma menina de 7 anos fascinada com as notas que um intelectual barbudo escreveu há 500 anos ou uma velhota com aquela sede de conhecimento e capacidade de trabalho quando não lhe resta muito tempo de vida, uma pessoa volta a acreditar na Humanidade.
Com o intuito de preparar o estômago e o espírito para mais uma noitada na Favela Chic, decidi ir assistir a um concerto de música oriental num café do 20ème enquanto ingeria um couscous e meia de médoc, mas fui desviado desses planos pelo Ahfid Bouricha com a sua trotinete, que me interpelou nos seguintes termos:
Monsieur, je suis perdu. O 20 é um bairro no leste de Paris. É o bairro mais pobre mas tem uma actividade cultural muito intensa e os restaurantes mais baratos, ou melhor, menos caros da cidade. O Ahfid só sabia o nome, a idade (5 anos), que o pai morava muito longe e que a irmã grande o tinha largado ao pé do Macdo (McDonald´s em francês). Fomos lá então ao Macdo onde o segurança só se preocupou em garantir que o puto não roubava nada. No café marroquino ao lado tivemos mais sorte. O dono do estaminé lá descobriu de onde era o puto ("mas tu és argelino, marroquino ou tunisino?" - "não sei" - "então e vais de férias a algum lado" - "vou" - "onde?" - "a Marrocos") e a partir daí agiu como se ele fosse da família. O pior foi quando o puto descobriu que íamos chamar a polícia: até ali tinha estado calmíssimo mas nessa altura armou uma birra de primeira. Acalmou-se logo com uma coca-cola. Nessa altura passou uma senhora que o conhecia e que telefonou para casa da mãe; daí a bocado chegou a irmã de 16 anos que o tinha largado para ir ter com os amigos. A polícia chegou logo a seguir e ainda os viram a descer a rua: "olha, é outra vez o mesmo".
Quando um puto de 5 anos é perdido regularmente pela irmã e chora ao ouvir falar da polícia há alguma coisa que está errada.
O couscous acabei por comê-lo ali mesmo com os marroquinos e duas senhoras do Mali, muito pretas, muito gordas, com escarificações tradicionais na cara e vestidos de cores berrantes típicos lá da terra.
Tugas Descolorados. Um dos fenómenos mais evidentes nas grandes metrópoles mundiais é a maneira como as camadas jovens da comunidade nipónica são obcecadas pela imagem; talvez por serem todos parecidos uns com os outros aos olhos ocidentais, fazem tudo o possível para se diferenciarem. É essa a origem do estereótipo do Ponga Descolorado (termo que eu prefiro ao mais tradicional Japa Descolorado usado pela minha flete-meite). Sendo paris um habitat privilegiado de nidificação para muitas espécies, o recurso a meios artificiais de atrair a fémea é levado aqui ao extremo e 90% dos jovens machos pintam o cabelo de loiro, aquirindo o estatuto de Ponga Descolorado.
Mais estranho é o fenómeno do Tuga Descolorado. Já todos conhecemos a perversidade do património genético português que leva a que a partir dos 40 os cabelos das senhoras em vez de começarem a ficar brancos comecem a ficar loiros. Em paris mantém-se a tendência mas generaliza-se a ambos os sexos, o que através dos meus olhos polarizados pelo preconceito provoca um efeito no mínimo bizarro. Ver o Tuga cinquentão - baixote, barrigudo, com as medalhas de fátima a espreitar por entre os pêlos do peito e ar de quem bate na mulher - com o cabelo de um loiro dolorosamente falso é coisa que me deprime profundamente. É que este senhor não quer saber nada de moda, como o comprova a modéstia da indumentária; o que ele quer é parecer mais nórdico, cavar um fosso que o separe do imigrante magrebino, que ele despreza como o desprezam a ele certos franceses. É triste a maneira patética como falha nesta tentativa, mas mais triste é saber o que a motiva.
Depois de reabastecer o mini-bar que me serve de frigorífico, fui ao Louvre ver uma exposição temporária de desenhos e manuscritos do
Leonardo da Vinci. Choca contactar assim com a intimidade de um génio. Produziu constantemente: "Antes a morte que a lassidão", aparece rabiscado num dos milhares de folhas entre um estudo sobre a difracção da luz e outro descrevendo a reacção de um pássaro em vôo a uma turbulência inesperada. Anatomia, fisionomia, mecânica, dinâmica de fluídos, arquitectura, a luz, a cor, a botânica, a atmosfera, sempre escrevendo da direita para a esquerda, por que lhe dava mais jeito e porque um génio não precisa de se agarrar às convenções dos outros. Cada esquema técnico é único e preciso, não se vislumbra um processo de tentativa e erro. Ele está a falar da turbulência das águas e de repente vira-se a página e aparecem 4 ou 5 máquinas de arremesso de projécteis; do género "oh leonardo, vou ali tomar uma bica, entretanto faz-me aí uma geringonça pra eu pôr o duque de Mântua na ordem que o gajo já anda a levantar muito a gripa". Cada elemento da sua pintura é ancorado numa pesquisa obsessiva, mas quando estamos perante ela isso tudo desaparece e fica a comoção, o encanto, a Arte.
Depois da exposição fui directo para a sala de consulta informática dos cadernos, onde partilhei o espaço com meia dúzia de estudantes, como já esperava, mas também uns três ou quatro pais com as criancinhas em transe e uma velhota que devia ter quase noventa anos a escrever folhas atrás de folhas numa letra minúscula de quem se habituou a poupar papel durante a guerra.
Ao ver uma menina de 7 anos fascinada com as notas que um intelectual barbudo escreveu há 500 anos ou uma velhota com aquela sede de conhecimento e capacidade de trabalho quando não lhe resta muito tempo de vida, uma pessoa volta a acreditar na Humanidade.
Com o intuito de preparar o estômago e o espírito para mais uma noitada na Favela Chic, decidi ir assistir a um concerto de música oriental num café do 20ème enquanto ingeria um couscous e meia de médoc, mas fui desviado desses planos pelo Ahfid Bouricha com a sua trotinete, que me interpelou nos seguintes termos:
Monsieur, je suis perdu. O 20 é um bairro no leste de Paris. É o bairro mais pobre mas tem uma actividade cultural muito intensa e os restaurantes mais baratos, ou melhor, menos caros da cidade. O Ahfid só sabia o nome, a idade (5 anos), que o pai morava muito longe e que a irmã grande o tinha largado ao pé do Macdo (McDonald´s em francês). Fomos lá então ao Macdo onde o segurança só se preocupou em garantir que o puto não roubava nada. No café marroquino ao lado tivemos mais sorte. O dono do estaminé lá descobriu de onde era o puto ("mas tu és argelino, marroquino ou tunisino?" - "não sei" - "então e vais de férias a algum lado" - "vou" - "onde?" - "a Marrocos") e a partir daí agiu como se ele fosse da família. O pior foi quando o puto descobriu que íamos chamar a polícia: até ali tinha estado calmíssimo mas nessa altura armou uma birra de primeira. Acalmou-se logo com uma coca-cola. Nessa altura passou uma senhora que o conhecia e que telefonou para casa da mãe; daí a bocado chegou a irmã de 16 anos que o tinha largado para ir ter com os amigos. A polícia chegou logo a seguir e ainda os viram a descer a rua: "olha, é outra vez o mesmo".
Quando um puto de 5 anos é perdido regularmente pela irmã e chora ao ouvir falar da polícia há alguma coisa que está errada.
O couscous acabei por comê-lo ali mesmo com os marroquinos e duas senhoras do Mali, muito pretas, muito gordas, com escarificações tradicionais na cara e vestidos de cores berrantes típicos lá da terra.
sexta-feira, julho 11, 2003
Top 10 Celebrity Sightings
Dado que falei da lista e disse que estava actualizada, seria uma falta da minha parte não a mostrar para toda a gente ver:
1. Dharma no Café Baci
2. Jean-Paul Gaultier na Porte d'Italie, com direito a foto e interacção verbal (mas nada de cenas abichanadas)
3. Raí quase a virar o barco na Favela Chic
4. Romain Duris a conversar com um amigo no Marais; o mérito da descoberta vai todo para a anne-so, porque o tipo estava completamente mascarado com o cabelo "look out-of-bed", blusão de bordados cor-de-rosa de inspiração oriental e dois capacetes de mota (na mão, não na cabeça); nós, humanos normais, precisámos de ficar 10 minutos a olhar descaradamente para o reconhecer, mas era mesmo ele
5. Nelson Motta do Manhattan Connection à porta da Favela Chic
6. Um daqueles actores ingleses velhotes de quem toda a gente conhece as fuças e ninguém se lembra do nome, a passear no meu bairro
7. Constança Cunha e Sá, a passear em St-Michel
8. Fernanda Ribeiro a levantar dinheiro em St-Michel, depois descobrimos que afinal não era ela e não chegámos a perceber bem se era de facto uma "ela"
9.Johnny Hallyday num bar americano na Bastilha; tendo uma carreira que remonta ao tempo do Elvis e encontrando-se em igual estado de decomposição, continua a encher estádios em França; um fenómeno inexplicável; este sighting estaria no topo não tivesse sido uma fraude: afinal era um sósia que ganha a vida a fazer-se passar por ele
10. Esta é mesmo refundida: vi um site com uma fotografia de uma casa ao lado da minha a dizer "a famous movie star lives here"; se calhar é o tal velhote inglês
1. Dharma no Café Baci
2. Jean-Paul Gaultier na Porte d'Italie, com direito a foto e interacção verbal (mas nada de cenas abichanadas)
3. Raí quase a virar o barco na Favela Chic
4. Romain Duris a conversar com um amigo no Marais; o mérito da descoberta vai todo para a anne-so, porque o tipo estava completamente mascarado com o cabelo "look out-of-bed", blusão de bordados cor-de-rosa de inspiração oriental e dois capacetes de mota (na mão, não na cabeça); nós, humanos normais, precisámos de ficar 10 minutos a olhar descaradamente para o reconhecer, mas era mesmo ele
5. Nelson Motta do Manhattan Connection à porta da Favela Chic
6. Um daqueles actores ingleses velhotes de quem toda a gente conhece as fuças e ninguém se lembra do nome, a passear no meu bairro
7. Constança Cunha e Sá, a passear em St-Michel
8. Fernanda Ribeiro a levantar dinheiro em St-Michel, depois descobrimos que afinal não era ela e não chegámos a perceber bem se era de facto uma "ela"
9.Johnny Hallyday num bar americano na Bastilha; tendo uma carreira que remonta ao tempo do Elvis e encontrando-se em igual estado de decomposição, continua a encher estádios em França; um fenómeno inexplicável; este sighting estaria no topo não tivesse sido uma fraude: afinal era um sósia que ganha a vida a fazer-se passar por ele
10. Esta é mesmo refundida: vi um site com uma fotografia de uma casa ao lado da minha a dizer "a famous movie star lives here"; se calhar é o tal velhote inglês
quinta-feira, julho 10, 2003
O Padeiro e o Designer
Uma estimada leitora, a primeira e por enquanto a única que não mora lá em casa, levantou a seguinte questão:
"Baguete... símbolo da criatividade Francesa??? já várias vezes ouvi dizer que os padeiros são dos melhores e mais criativos designers.... sendo assim, será que os nossos Amigos franceses são os designers mais criativos...? ou será que simplesmente sabem meter bem as mãos na massa?" Diana
Pois aqui está um ponto de vista muito interessante. Não sendo especialista na matéria, a minha experiência in loco leva-me a pensar:
- que o melhor padeiro é o Padeiro e o melhor designer é o Designer;
- que o melhor pão é o desenhado pelo Designer e amassado pelo Padeiro;
mas como não vivemos num mundo perfeito:
- mais vale o pão desenhado pelo Padeiro que o amassado pelo Designer.
"Baguete... símbolo da criatividade Francesa??? já várias vezes ouvi dizer que os padeiros são dos melhores e mais criativos designers.... sendo assim, será que os nossos Amigos franceses são os designers mais criativos...? ou será que simplesmente sabem meter bem as mãos na massa?" Diana
Pois aqui está um ponto de vista muito interessante. Não sendo especialista na matéria, a minha experiência in loco leva-me a pensar:
- que o melhor padeiro é o Padeiro e o melhor designer é o Designer;
- que o melhor pão é o desenhado pelo Designer e amassado pelo Padeiro;
mas como não vivemos num mundo perfeito:
- mais vale o pão desenhado pelo Padeiro que o amassado pelo Designer.
quarta-feira, julho 09, 2003
Apologia da Baguete*
1. o design ergonómico potencia o transporte axilar quando o franciú se desloca de bicicleta e já tem o cesto cheio de foie-gras, cebolas e garrafas de Bordeax;
2. condiz com a bóina e a camisola às riscas;
3. não é tão má como o pão espanhol;
4. alguém dá mais?
* leia-se "bàguete", que saudades tenho eu dos acentos graves e das consoantes duplas...
terça-feira, julho 08, 2003
A Dharma, grande maluca!
Este sábado, no Café Baci, um restaurante italiano todo cocó no Marais, vivi uma situação deveras constrangedora: a Dharma jantou na mesa ao lado da minha e passou a noite toda a galar-me, mesmo ali nas barbas do namorado ou amigo ou marido ou guarda-costas ou gigolô ou lá o que ele era, só sei que não era o Greg e por si só isso já me escandalizou. Aquilo eram boquinhas, piscares de olhos, talheres que caíam de propósito para proporcionar uma espreitadela ao decote, uma pouca vergonha. Como é óbvio fiz-me desentendido porque vi o notting hill e sabia que uma relação como a nossa só me podia trazer dores de cabeça. Recorrendo por certo às faculdades de autocontrolo que anos de yoga proporcionam, a Dharma dominou o animal selvagem que pugnava dentro do seu ser e deixou-me acabar a refeição sossegado, para meu grande alívio.
Esta celebrity-sighting vai directo para o topo do tabela, destronando o jean-paul gaultier que é muito simpático mas não é tão giro.
Esta celebrity-sighting vai directo para o topo do tabela, destronando o jean-paul gaultier que é muito simpático mas não é tão giro.
Para que é que isto serve?
Para nada. Aliás, é uma absoluta perda de tempo e não acredite que dure mais de uma semana; só até arranjar uma coisa mais útil para fazer da minha vida, como coleccionar pêlos púbicos.
Here starts a tale told by an idiot, full of sound and fury, signifying nothing
Está feito! a anne-so é que se lembrou do nome mas recuso-me a pagar direitos de autor. eu teria acabado por chegar a um resultado igualmente satisfatório por mim mesmo sem precisar de ajuda de ninguém nem palpites nem bitates. de qualquer modo estou agradecido e para o provar depois pago-lhe uma baguete. ela que se dê por satisfeita.