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segunda-feira, março 01, 2004

“Du endegs nach am Gronn!”  

Milhões de turistas galgam as estradas europeias todos os anos. Vão a todo o lado. Alguns, mais intrépidos, conseguem mesmo chegar a Portugal, não desanimando com as várias centenas de quilómetros de deserto, touros Osborne e bocadillos de pão seco que têm garantido o isolamento pátrio das más influências da Europa. Muitos destes viajantes tendem a ignorar, curiosamente, o país mais rico do Mundo, mesmo passando a poucos quilómetros das suas fronteiras. Vão à Bélgica, França, Holanda, Alemanha e o tesouro escondido da Europa que é o Luxemburgo passa-lhes desapercebido. Agora percebo porquê.
No fim de semana, a Joana convenceu-me a preencher aquilo que na altura parecia uma lacuna cultural. Metemo-nos cinco na minha banhola (a viatura, portanto) e lá fomos a caminho do Luxemburgo. Quatro horas de viagem depois estávamos na capital do grão-ducado. Depois de comermos um pizza tipicamente luxemburguesa num Pizza Hut em que 90% da força de trabalho tinha nascido em Trás-os-Montes (ouvia-se a espaços um sonoro "f*da-se, c*ralho" da cozinha) dirigimo-nos com entusiasmo ao posto de informações turísticas. Aqui, uma senhora feia e pouco simpática parecia embaraçada para explicar o que haveria para ver naquela terra; acabou por passar-nos para a mão um mapa da cidade com um circuito pedestre. Os pontos de interesse eram: a estátua dourada de uma menina no cimo de uma coluna, um palácio grão-ducal copy-paste da Eurodisney (ou vice-versa, já havia Eurodisney no séc. XVI?) e uma catedral dos anos 60 desenhada num estilo misto nórdico-bizantino de gosto duvidoso. Quase não havia pessoas na rua; as que se mostravam eram geralmente feias, desleixadas e davam nitidamente a sensação de que prefeririam estar noutro lugar. Ser Luxemburguês é como ser Contabilista: ninguém gosta realmente de o ser, mas é prático, confortável e tem de calhar a alguém (este é o estereótipo superficial e irreflectido da semana, profitai).
Quando já tínhamos perdido esperança, fomos parar ao Grund, seduzidos pela fotografia numa brochura (esta, página 10) que a Charlotte roubou nas Informações. O Grund é um bairro medieval encravado num vale pitoresco; apesar de completamente deserto, era bonitinho. Diria antes... fotogénico. Tal como a Bárbara Guimarães, tinha melhor aspecto nas fotografias que ao vivo. Assustador era o título do artigo: "Um dia, acabarás no Grund!".
Cruz credo, Deus nos proteja!

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