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quinta-feira, março 18, 2004

Pastoral Taliban 

A avaliar pela javardeira que assaltou as estações de metro parisienses esta semana, o estado de alerta anti-terrorista deve ter passado a vermelho outra vez. A primeira coisa a desaparecer são os caixotes de lixo.
A Palestina não é mais que um pretexto congeminado pelos marketers aiatolas para promover o recrutamento. O verdadeiro e nobre intuito dos grupos terroristas islâmicos é minar a assepsia desumana de certas cidades europeias, trazer um pouco do calor e alegria das ruas de Rabat ou Teerão.
Eles têm um sonho, e no seu sonho vêem rebanhos de ovelhas no RER ou no tube de Londres, disseminando caroços de azeitona no seu caminho matinal para as verdejantes pastagens da periferia; cabras, crianças, galinhas, camelos, em idílica comunhão com o Homem (com a Mulher não, em casa há muita loiça para lavar e roupa para passar); oh musas, que bela imagem! o cheirinho das almôndegas de borrego a fritar; o chá de menta ou maçã em copos partilhados por milhares de pessoas sem recurso a quaisquer detergentes ou desinfectantes — perigosos inimigos do ambiente, potencialmente cancerígenos — num espírito fraterno de comunhão de almas e micróbios salivares; os vendedores de ervas mágicas e terapêuticas, libertos da opressiva legislação europeia que interdita a venda de um fármaco só porque matou meia dúzia de ratos de laboratório.

Se tudo isto não passa de um sonho longínquo, ao menos uns papelinhos no chão já se vão vendo. Pessoalmente, sinto-me muito mais em casa.


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